
Por Rafael Reis
Capítulo 1 - parte 1
"Deves fazer um corte preciso e único no tóráx - ordenou o rei - arranque-me o coração ainda pulsando, quero tocar a fonte de toda a minha dor antes que ela me mate.
O servo então o fez, em prantos, golpeando a si mesmo em seguida."
- É um bom final - disse sofia ao pé do meu ouvido. O susurro saiu junto com a fumaça do cigarro que tragava. O cheiro que me chegava às narinas era uma doce mistura de tabaco, vodka e batom.
- Não sei - respondi - acho que está muito sombrio.
- Como você - ela disse - como nós dois, como todas as noite em que estamos juntos.
Do lado de fora do apartamento, chovia por horas, e os fios de água escorriam pela janela. apenas a luz da minha luminária sobre a escrivaninha iluminava o quarto. O ar era pesado pela fumaça do cigarro. Mas eu me sentia muito bem ali. A companhia de Sofia era sempre inspiradora.Quando ela estava, as palavras saltavam facilmente das minhas mãos sobre as teclas, enquanto ela se movia sedutora à minha volta. Outras vezes ela se deitava e ficava me observando, percorrendo os dedos pela borda do copo largo de vodka.
Sofia se levantou e caminhou até a janela.
- Venha até aqui - ela disse
abandonei então o cursor piscando ao fim do parágrafo que fatalmente seria o final daquele roteiro, e caminhei em sua direção.
- O que foi? - perguntei, abraçando-a por trás e por mais uma vez aspirando aquele cheiro de vodka e batom.
- São quatro da manhã, mas não somos os únicos insones da cidade.
me curvei para ver melhor pela janela do quarto andar onde estávamos, e haviam duas ou três janelas acesas nos prédios vizinhos.
- Será que estão fazendo amor?
- Eu não sei, porque fariam isso com as luzes acesas?
sofia sorriu
- Os homens são vaidosos, gostam de ver o que estão fazendo, você não gosta?
dizendo isso, soltou o drinque e tirou a camisola fina que vestia, a unica peça que separava minhas mãos sôfregas da sua pele lisa e macia.
Capítulo 1- parte 2
Uma forte dor do lado esquerdo da cabeça e a luz intensa do sol invadindo o apartamento me acordaram na manhã seguinte. Com os olhos ainda fechados apalpei a cama, em busca de algum cigarro ou um gole de vodca que tivesse restado da noite passada. Encontrei o cigarro.
Com os olhos semicerrados caminhei em direção ao banheiro. Voltei um ou dois minutos depois. O trago descia amargo pela garganta. Olhei em direção à cama e como sempre, Sofia já havia ido embora. Apenas sorri, zombando de mim mesmo, e em seguida sentei-me à escrivaninha.
Lá estava o roteiro; pronto. Lí e reli algumas dezenas de vezes e odiei cada parágrafo. A voz de Sofia me veio à memória “ é um bom final” - ela disse – Talvez fosse mesmo, talvez estivesse sendo crítico demais. Pela primeira vez no dia, senti vontade de que ela estivesse por perto.
O telefone estava ao alcance das mãos, o fitei uma ou duas vezes relutante. Primeiramente quis ligar pra ela, mas me lembrei de que ironicamente ou não, eu não tinha o seu telefone.
Disquei um número, ouvi o sinal de espera e uma voz de mulher me atendeu:
- "Magma, escritório do senhor Oneal. Em que posso ajudar?"
Ali estava eu rastejando ao pés da Magma mais uma vez. Seis anos, e tudo que consegui deles foram alguns contratos miseráveis. Não me levavam à sério. Isso talvez pelo fato de que nem mesmo eu me levava à sério.
Marco Oneal, não era ridículo só pelo nome. Dirigia a Magma produções à dezoito anos e acabou por transformá-la numa piada. Produções baratas, roteiros ruins. Havia quem dissesse que estivesse desviando dinheiro. Mas isso pouco me importava, só me interessava entregá-lo a droga do roteiro, pegar o meu dinheiro e cair fora.
- Minha nossa Tom, você está cada dia pior. Ainda bebendo como um pirata?
- É eu sei, é bom te ver também senhor Oneal. Bem, o senhor sabe porque estamos aqui, tenho uma coisa boa pra vocês...
- hum... coisa boa é?
- É sim, coisa boa. Retrô mas ao mesmo tempo contemporâneo.. bom final... O roteiro certo pro momento.
O velho desviou o olhar, e eu sabia o que aquilo significava.
- Ei Tom, é o seguinte. Você é bom, mas está ultrapassado. O que é dessa vez, um romance medieval? As pessoas querem sangue, drogas, e sexo no cinema. A vida delas já é uma droga, não precisam que um filme as faça chorar. Não me leve à mal, isso funcionava nos anos 80 mas não cola mais.
Tive vontade de matar o velho, mas não me movi do lugar, e apenas contive meu impulso de atacá-lo enquanto ele se levantava arrogante, esmagando o resto do cigarro no cinzeiro e indo embora.
Afinal de contas ele estava certo, talvez pensasse em reescrever o roteiro, mas pensei, que se dane! Pedi ao garçom que trouxesse um wisky. Sentia mais vontade de beber do que aspirar um futuro como roteirista de sucesso. Me sentia velho e sem inspiração. Havia perdido a fé em mim mesmo e à partir daí talvez estivesse me rendendo ao meu próprio fracasso.
- Já vamos fechar – disse o homem próximo ao balcão.
Estava bêbado demais para me dar conta que passara muito tempo desde que o velho Oneal havia ido. Levantei-me como pude caminhando para fora do bar. Acendi um cigarro do lado de fora enquanto tentava me equilibrar sobre as pernas. Vi um vulto passando entre os prédios do outro lado da rua. Como não vi nada, ignorei. Mais uma vez um vulto do que parecia ser uma mulher, assustada, fugindo e tentado se esconder. Atravessei a rua em direção ao beco e ouvi o primeiro tiro, seguido por mais outros três tiros. Me aproximei devagar, assustado me protegendo atrás de algumas latas de lixo, e vi a mulher, vestindo um casaco longo até os pés e descalça, em pé sobre o corpo ensangüentado. Quando percebi que ela largara a arma no chão e se afastou, me levantei. Ela então notou minha presença ali e se virou devagar deixando o rosto sob a luz. Quando a vi não pude acreditar.
- Sofia?
Continua...
Continua...
________________________________________________________________________
Novo!
O declínio humano através dos séculos
Por Rafael Reis

De acordo com a bíblia, isto se deu há seis mil anos, partindo de um antepassado comum; Adão.
Independendo de tais questões, o homem atravessou séculos. Se modernizou, e através destes séculos, passou a traçar uma história turbulenta, e que fatalmente culminaria nos dias de hoje, e nos problemas de hoje.
Já nos primeiros seis séculos de história, com a população mundial estimada em 195 milhões de pessoas, criávamos a escrita, fundávamos impérios, guerreávamos por terras e ouro. Martirizávamos critãos, e crusificávamos homens que falavam de paz.
Até o 16º século, nos dividíamos por todo o mundo em religiões diferentes, e víamos o próximo cada vez mais como um inimigo. Alimentando um ego e uma ganância inflamada, buscávamos dominar, à qualquer custo.

Caminhávamos através dos anos gozando de hipocrizia. Criamos doutrinas,e assim dominamos multidões.Enriquecemos às custas da miséria de homens sem cultura que buscavam salvação divina.

Nossa ambiçao pedia mais. Então navegamos rumo à novas terras. E ao encontrá-las, por algum motivo fomos levados a pensar que aquilo nos pertencia. Desta forma exploramos os mais fracos e os destituímos de todo e qualquer direito. Desprezamos a igualdade. Rimos do que chamavam de amor ao próximo.
Nos anos seguintes, julgamos pela nossa prepotência, que homens que diferiam de nós pela cor da pele, eram de importância inferior, e por isso poderiam ser escravizados; usados em pról de nossos propósitos egoístas.
À mercê de nossa tolice, nos vangloriamos por um grande avanço industrial que surgia na segunda metade do século XVIII, e levava junto com ele toneladas de gases poluentes à atmosfera.Começávamos já a partir daí, a tornar o próprio planeta um lugar mais quente e cada vez menos sustentável.
Queríamos andar mais rápido, nos comunicar de maneira mais fácil. E a genialidade de alguns de nossos homens nos proveu isso, deixando a vida mais cômoda.

Avançamos tão rápido e tão desordenadamente, que por terra, mar e até pelo ar, passamos a ver o quanto o mundo era grande. E que dessa forma poderíamos ter mais.
Através de nossas batalhas, dividimos o mundo como bem entendemos, e isto causou indignação de quem queria ainda mais.

Colocamos ditadores no poder. Homens racistas e anti-semistas. que perseguiram minorias inocentes e indefesas, por puro ódio às diferenças. E nas mãos destes, perdíamos em oito anos de batalhas insensatas, cerca de 60 milhões de vidas.
Tentamos hoje, olhar pra trás como agora e aprender com os erros. mudar comportamentos.
Sentimentos destrutivos como o ódio , a ganância e o egoísmo nos trouxeram até um ponto onde é questionável acreditar em mudanças.
Criamos filhos sem fé. Constituímos famílias desunidas. Continuamos à manipular multidões pelo consumismo e pelo capitalismo. Evoluímos de toda essa vasta história, à seres sem espírito. Sem espiritualidade. Buscamos por coisas fúteis o tempo todo, e desprezando a guerra, travamos uma dentro de nós mesmos à cada dia.
Aprendemos à respeitar as diferenças, mas ainda julgamos aqueles que não são diferentes.
As religiõe pregam o fim dos tempos, e a cada século o mundo acaba um pouco; perdendo sua essência e se auto-destruindo.
Uma análise sobre a música no Brasil hoje
________________________________________________________________________
Pensamentos...